A alimentação de uma pessoa envolve muitos fatores que podem influenciar na saúde que vão além do peso. Dietas da moda são muito comuns, e as pessoas parecem fazer qualquer coisa para perder peso e alcançar o “peso ideal”. No entanto, ao analisarmos a alimentação pelos aspectos da saúde, percebemos que existem muitos fatores mais importantes do que o peso.
Há algum tempo, ouvimos falar que o intestino é nosso segundo cérebro. Ele é realmente crucial para regular inúmeras reações e processos no corpo, podendo melhorar ou piorar a saúde, dependendo do estilo de vida e da alimentação. Um aspecto do intestino, conhecido como microbioma, é essencial para a saúde. Antigamente chamado de flora intestinal e microbiota, essas bactérias que habitam nosso corpo e compõem o microbioma são fundamentais para manter uma boa saúde. Vamos focar no microbioma intestinal, ou seja, as bactérias que vivem no nosso segundo cérebro.
Formação do Microbioma
O microbioma intestinal é considerado um superorganismo, composto por muitas bactérias benéficas que vivem em nosso intestino. Esses microrganismos desempenham vários papéis, e quando estão saudáveis e regulados, podem ajudar significativamente a manter uma boa saúde.
Vamos começar do início: como é formado esse superorganismo que tanto beneficia nosso corpo? Desde o útero! Antigamente, acreditava-se que a placenta, onde ocorre o desenvolvimento do bebê, era um ambiente estéril. Hoje, sabemos que esse ambiente já contém algumas bactérias e que a dieta materna pode influenciar muito o tipo de bactéria presente. No momento do nascimento, o tipo de parto também influencia o primeiro microbioma do bebê. Acredita-se que o parto normal coloca o bebê em contato com várias bactérias da mãe, essenciais para a primeira colonização do intestino do bebê. O tipo de aleitamento também influencia, tanto pelos nutrientes presentes no leite materno quanto pelo contato do bebê com bactérias na pele da mãe. A alimentação materna pode influenciar a qualidade das bactérias e dos alimentos para elas. A exposição a outros membros da família e a animais de estimação também ajuda a compor esse microbioma.
A partir da introdução alimentar, ocorre uma mudança na quantidade e no tipo de bactérias que compõem o microbioma, e por volta dos dois anos de idade, já se tem um esboço do microbioma que a pessoa terá na idade adulta. Existem várias formas de manter esse superorganismo saudável através da alimentação, como discutiremos adiante. Quando a pessoa envelhece, o microbioma pode sofrer bastante. Quanto melhor for a saúde do idoso, melhor será a estabilidade e diversidade do microbioma. No entanto, idosos com muitas mudanças fisiológicas ruins, situações sociais e de moradia precárias, e uso excessivo de antibióticos, podem ter uma diminuição na estabilidade desse microbioma, o que gera uma cascata de resultados ruins para a saúde. Portanto, uma boa alimentação é importante desde sempre, trazendo benefícios muito maiores do que apenas alcançar o “corpo do verão”.
Função do Microbioma
Uma das funções mais importantes do microbioma está ligada à manutenção da barreira intestinal. A barreira intestinal funciona como um filtro no intestino, impedindo a entrada de microrganismos nocivos no corpo.
Além disso, o microbioma auxilia no funcionamento do eixo intestino-cérebro, combate moléculas inflamatórias comuns no processo de envelhecimento, tem um papel importante no humor e na cognição, e pode diminuir o surgimento de doenças inflamatórias crônicas, como a síndrome do intestino irritável. Estudos já mostram a importância do microbioma no surgimento de depressão e ansiedade. No bebê, um microbioma saudável contribui para diminuir a hipersensibilidade aos alimentos, reações alérgicas, diabetes tipo 1 e outras doenças imunológicas. Além disso, o microbioma pode ajudar no controle do peso.
Como Ter um Microbioma Saudável?
Uma alimentação balanceada, que respeite os gostos, a cultura, a regionalidade e o prazer, é importante não só para o microbioma, mas para toda a saúde geral da pessoa. E não estamos falando aqui de comida de dieta! Uma alimentação equilibrada envolve comer um pouco de cada coisa, respeitando os gostos e a história da pessoa. A alimentação não precisa ser sem graça para ser saudável. Tudo depende de conseguir manter um equilíbrio. Além disso, a prática de atividade física, sono adequado e mecanismos para lidar com o estresse contribuem para uma vida e um microbioma mais saudáveis.
Existem alguns alimentos que podem ajudar a florescer seu intestino. São os probióticos e os prebióticos.
Os probióticos são microrganismos que formam e equilibram o microbioma intestinal. São as bactérias benéficas que trazem todos os benefícios descritos acima. Exemplos de alimentos probióticos incluem iogurte natural e alimentos fermentados como chucrute, kimchi, kombucha, kefir, gengibre em conserva, beterraba em conserva e leites fermentados.
Os prebióticos são fibras que servem de alimento para as bactérias benéficas do intestino. Exemplos de alimentos prebióticos são cereais integrais, maçã, cebola, alho, banana, aspargos, leguminosas como feijão e lentilha, chá verde, alho-poró, beterraba, entre outros.
Esses alimentos podem ser facilmente incluídos no plano alimentar das pessoas e podem trazer inúmeros benefícios para a saúde.
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