Ao dedicarmos cinco minutos navegando pelas redes sociais mais populares, impressiona a quantidade de “mágicos da perda de peso” que encontramos. São especialistas que não oferecem truques comuns, mas sim prometem resultados extraordinários em poucos dias por meio de dietas milagrosas. Além disso, surgem os “mágicos do condicionamento físico” que asseguram não apenas reduzir significativamente seus níveis de gordura, mas também transformá-lo em uma verdadeira fortaleza muscular digna dos palcos competitivos.
Minha pergunta para você é: você acredita em mágica? Ou, mesmo em tempos de tanto ceticismo, prefere verificar o que a ciência tem a dizer sobre dietas e exercícios milagrosos?
Vamos dar uma olhada em dois estudos que mostraram os efeitos que uma perda de peso muito rápida e intensa pode ter sobre o seu corpo e sua mente.
O Experimento de Minnesota
O primeiro estudo é o Experimento de Semi-inanição de Minnesota. Em resumo, um médico da Universidade de Minnesota decidiu conduzir esse experimento ao se aproximar o fim da Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de encontrar maneiras eficazes para auxiliar a recuperação das pessoas que sofriam com fome e desnutrição na Europa após o conflito. Ele escolheu 36 homens considerados saudáveis e com peso normal, submetendo-os a seis meses de uma dieta extremamente restritiva até atingirem um estado semelhante ao dos indivíduos europeus. Após três meses, foram testadas diversas estratégias para ajudar os participantes a recuperarem seu peso e identificar qual seria a mais eficiente.
Mais do que as quantidades de calorias ou o peso perdido e recuperado, os maiores impactos, segundo os próprios participantes, foram psicológicos. Eles relataram depressão, apatia e uma mudança profunda em seu comportamento social e trabalho, perdendo o interesse por praticamente todas as atividades. Tornaram-se irritados, intolerantes e a mínima cortesia desapareceu. A capacidade de rir e até de sorrir foi completamente perdida. Os participantes também relataram uma obsessão por comida; qualquer tipo de alimento, até mesmo um pão velho jogado na sarjeta, parecia apetitoso. Um dos participantes abandonou o estudo porque, durante um passeio, parou em uma sorveteria e, uma vez que começou a comer, não conseguiu parar mais.
A perda de peso foi significativa no início do experimento, mas depois de um tempo, o corpo pareceu se adaptar à quantidade reduzida de calorias, e a perda de peso diminuiu. Mesmo após o fim do estudo, quando os participantes puderam voltar a suas vidas normais e comer quanto quisessem, relataram sentir fome constantemente. Mesmo após refeições fartas, continuavam com a sensação de fome e carregavam comida nos bolsos para mastigar durante o dia. Um dos participantes relatou que ganhou mais peso do que tinha antes do estudo e levou três anos para que sua fome e peso voltassem ao normal.
Não Existe Dieta Mágica
De certa forma, é exatamente isso que acontece quando seguimos dietas que prometem uma perda de peso rápida através da restrição calórica: nossa rotina passa a ser dominada pela comida. Atividades sociais que antes eram prazerosas acabam perdendo o encanto devido ao cansaço causado pela falta de alimentos ou à impossibilidade de comer o que normalmente é servido nesses locais. Além disso, nossos relacionamentos com cônjuges, parceiros, filhos, irmãos e irmãs, pais e amigos sofrem impacto. É importante considerar os efeitos negativos no humor e no estresse gerados por essas dietas restritivas. O esforço necessário é imenso.
Enquanto alguns desistem no meio do caminho, como o participante do experimento do sorvete mencionado acima, outros conseguem chegar até o final. E há aqueles que podem alcançar a perda de peso almejada pelos “mágicos” das dietas. Contudo, surge uma questão: o que acontece quando a dieta termina e atingimos o peso desejado? Para quem já tentou emagrecer através de dietas sabe bem a resposta: o peso perdido tende a retornar! Às vezes, ele volta até em maior quantidade do que antes. Isso se deve ao fato de que ao término da dieta sentimos vontade de compensar tudo aquilo que nos foi privado durante o período restritivo. Além disso, nosso corpo parece perder a capacidade natural de regular a fome e a saciedade após esse processo extremo. Essa situação pode inclusive desencadear distúrbios alimentares graves; sabia você que muitos transtornos alimentares têm início justamente com uma simples dieta?
Mas muitos ainda acreditam que para perder peso é preciso foco, força e fé! Que com a dieta da moda, vão conseguir perder e manter o peso após a dieta. Então, vamos falar de outro estudo: “Adaptação Metabólica Persistente 6 Anos Após ‘The Biggest Loser'”.
“The Biggest Loser”
Certamente você já ouviu falar do renomado programa televisivo, mas caso não conheça, aqui vai uma breve explicação: nesse reality show, participantes com obesidade competem para ver quem consegue emagrecer mais. E como alcançam essa perda de peso? Através de uma dieta rigorosa e intensos exercícios físicos. Ao assistir ao programa, tem-se a impressão de que a fórmula mágica realmente dá resultado: os participantes eliminam uma quantidade significativa de peso, sugerindo que bastaria ter determinação para se livrar dos quilos extras. No entanto, manter o ritmo exaustivo de atividades físicas e a restrição alimentar fora das câmeras é praticamente impossível. Vivemos numa sociedade que não incentiva um estilo de vida ativo saudável; cada vez temos menos tempo disponível para nos exercitar ou para nos alimentarmos adequadamente.
Por outro lado, somos constantemente expostos à indústria de alimentos ultraprocessados, que oferece opções rápidas e práticas – muitas vezes mais acessíveis financeiramente do que alimentos frescos e naturais. Diante desse cenário, quem teria tempo ou recursos suficientes para adotar um regime semelhante ao visto no “The Biggest Loser”? Quem estaria disposto a levar adiante tal rotina exigente?
Você pode achar que é possível seguir uma dieta de baixas calorias e se exercitar intensamente, mas este estudo revelou algo surpreendente. Descobriu-se que o metabolismo dos participantes diminuiu em até 500 calorias por dia, mesmo seis anos após terem perdido peso no programa. Além disso, todos eles recuperaram o peso perdido nesse período. A redução no metabolismo foi mais significativa entre aqueles que perderam mais peso. Assim como no estudo anterior, houve essa adaptação do corpo, resultando na diminuição do metabolismo; muitos participantes relataram altos níveis de estresse psicológico após sua passagem pelo programa.
Qual a Conclusão?
Então, qual a solução para ter um peso e uma vida saudáveis? Existem inúmeros fatores que podem influenciar seu peso e saúde, e a alimentação e o exercício físico são, sim, dois componentes importantes. No entanto, as mudanças feitas para alcançar esses objetivos devem respeitar gostos pessoais, cultura, história e outros fatores. Mas, um dos fatores mais importantes é a constância. Pequenas mudanças, que podem ser mantidas ao longo da vida, respeitando o prazer e o aspecto social da alimentação, são essenciais.
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Escolher bons profissionais que saibam ouvir e respeitar sua capacidade de mudança é crucial. Além disso, é importante traçar metas realistas e alcançáveis. O que vemos nas redes sociais, tanto sobre o “corpo ideal” quanto sobre as formas de alcançá-lo, muitas vezes não passa de truque. Aceitar seu corpo e tentar mantê-lo saudável trará muito mais benefícios do que seguir qualquer superdieta.
Se você está buscando um caminho saudável e sustentável para a perda de peso, conte com o suporte de uma equipe multidisciplinar dedicada ao seu bem-estar. Agende uma consulta comigo aqui e juntos desenvolveremos um plano personalizado que respeite suas necessidades e objetivos. Vamos transformar sua relação com a alimentação e a saúde de forma duradoura!